R E L I G I O S I D A D E

O “PAI NOSSO” EM ARAMÁICO

(TRADUÇÃO)

Ó FORÇA PROCRIADORA!

Ó PAI-MÃE DO COSMO, ORIGEM NOSSA, QUE TUDO DÁS A LUZ.

FAZE TUA LUZ BRILHAR DENTRO DE NÓS, TORNANDO-A ÚTIL. CRIA TEU REINO DE UNIDADE AGORA E AJUDA-NOS A SEGUIR NOSSO CAMINHO, MOVIDOS APENAS PELO SENTIMENTO QUE EMANA DE TI.

QUE O NOSSO EU POSSA ESTÁ EM SINTONIA CONTIGO PARA QUE CAMINHEMOS COM REALEZA, COM TODOS OS OUTROS SERES CRIADOS.

ESTABELEÇA O TEU REINO DE UNIDADE AGORA!

QUE O TEU DESEJO E OS NOSSOS SEJAM UM EM TODA A LUZ, ASSIM COMO EM TODAS AS FORMAS.

E SOMENTE O TEU DESEJO POSSA ATUAR DENTRO E JUNTO AO NOSSO DESEJO.

DÁ-NOS, O QUE PRECISAMOS CADA DIA EM PÃO E ENTENDIMENTO.

DESFAZ OS LAÇOS DOS ERROS QUE NOS PRENDEM, ASSIM COMO NÓS SOLTAMOS AS AMARRAS DOS NOSSOS IRMÃOS.

NÃO PERMITA QUE A SUPERFÍCIE E A APARÊNCIA DAS COISAS DO MUNDO NOS ILUDAM E NOS DETENHAM; MAS LIBERTA-NOS DE TUDO QUE NOS APRISIONA.

DE TI NASCE TODA A VONTADE DE QUE TUDO GOVERNA, O PODER E A FORÇA VIVA E TODO O MOVIMENTO, E A CANÇÃO QUE SE RENOVA DE IDADE EM IDADE E A TUDO EMBELEZA.

POSSAM TUA VONTADE, PODER E CANÇÃO -AFIRMAMOS COM VIVA FORÇA- SER O SOLO FECUNDO DE ONDE CRESCEM TODAS AS NOSSAS AÇÕES.

ASSIM SEJA.

Inicialmente, vejamos como o padre Raphael Bluteau, autor do 1º Dicionário de Portugal, repercute as preocupações que a Igreja tinha com o comportamento considerado herege dos ciganos, no início do século XVIII:

"CIGANOS – NOME QUE O VULGO DÁ A UNS HOMENS VAGABUNDOS E EMBUSTEIROS, QUE SE FINGEM NATURAIS DO EGITO E OBRIGADOS A PEREGRINAR PELO MUNDO, SEM ASSENTO NEM DOMICÍLIO PERMANENTE, COMO DESCENDENTES DOS QUE NÃO QUISERAM AGASALHAR O DIVINO INFANTE QUANDO A VIRGEM SANTÍSSIMA E SÃO JOSÉ PEREGRINAVAM COM ELE PELO EGITO”.

-1478: Ciganos são aprisionados e torturados na Inquisição espanhola.

-1498: No “Santo Império Romano” é ordenado que os ciganos sejam expulsos dos territórios falantes da língua alemã.

-1563: O Concílio Católico de Trento determina: ”... que ciganos não podem fazer parte do clero”.

-1568: O Papa Pio V ordena a expulsão de todos os ciganos do ”... Reino da Santa Igreja romana”.

-1591: Vários ciganos são denunciados ao visitador Mendonça Furtado (Bahia e Pernambuco), durante a

“Primeira Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil”. Foram brutalmente torturadas e condenadas:

MARIA FERNANDES, APOLÔNIA BUSTAMANTE, INEZ MENDES DE ANDRADE e VIOLANTE FERNANDES.

-1847: a igreja wallachiana liberta seus escravos ciganos.

PAULO VI

(Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini)

De 21-06-1963 a 06-08-1978

- Em 26 de setembro de 1965, foi COROADA ABENÇOADA no Vaticano, por Paulo VI, uma Nossa Senhora de pele escura, descalça, com um vestido vermelho de barra dourada, tendo uma blusa azul escuro sobre outra azul celeste, cabelos pretos com um lenço vermelho sobre eles, segurando uma criança no colo. Decorridos 37 anos, em 8 de outubro de 2002, o papa João Paulo II, LAUREOU a mesma Nossa Senhora, proclamando-a como “RAINHA DOS CIGANOS”.

- Foi a partir de uma aclamação de Paulo VI (numa romaria cigana por ocasião do "Ano Jubilar" em 1975), que surge a Pastoral dos Nômades. Poderíamos dizer que a Pastoral dos Nômades do Brasil iniciou quando, em algum lugar do vasto território brasileiro, um sacerdote ou outro membro da comunidade soube acolher, compreender e atender a um irmão nômade.

- Em 1975, Paulo VI citando Mateus (8: 19-20) para 2.500 ciganos, disse em Roma: “Então um doutor da Lei se aproximou e disse: “Mestre, eu te seguirei aonde quer que fores”. Mas Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; Mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”.

- Em seguida comparou Jesus aos ciganos:“Vede como Jesus era semelhante a vós. Como está próximo de vós!”

- Em 26 de setembro de 1965, ele visitou o campo nômade (cigano) de Pomezia.

19 de agosto de 2010:

PEREGRINAÇÃO A LOURDES

O translado da estátua de Nossa Senhora dos Ciganos ao Santuário de Lourdes marca a 54ª peregrinação anual dos ciganos e nômades ao santuário mariano francês, que começa hoje e termina no dia 25 de agosto.

No encontro, está prevista a participação de cerca de 8 mil ciganos e pessoas nômades, informa a Conferência Episcopal Francesa em seu site.

Nossa Senhora dos Ciganos peregrinou por toda a França e estará presente na Gruta de Lourdes, em uma Missa presidida pelo bispo de Vannes (Dom Raymond Centène) responsável da pastoral dos nômades.
No final da celebração foi lido um pequeno balanço das graças recebidas por Nossa Senhora dos Ciganos, cuja história é a de um pequeno "milagre".

Nossa Senhora dos Ciganos carrega em uma das mãos o Menino Jesus e na outra, uma pequena carroça. É venerada pelos ciganos, desde que Paulo VI abençoou-a, em 1965.
Na oração a Nossa Senhora dos Ciganos, que será rezada durante a celebração, pede-se que olhe "...nosso sofrimento, nossa miséria" e que continue "nesta terra conosco na vida".

JOÃO PAULO II

(Karol Józef Wojtyta)

De 16-10-1978 a 02-04-2005

- “No Ano Santo" de 1975: Acolhedo uma peregrinação de 2.500 ciganos, vindos de diversos países, deixando de lado o texto oficial, fez uma longa e belíssima alocução, recordando os agradáveis encontros que teve com muitos ciganos quando era Cardeal Arcebispo de Milão. Também disse: ”Nós queremos bem a vocês.”

- Em 1989: Encerrando o “3º Congresso Internacional da Pastoral dos Nômades” (Roma):

“O mundo deve mudar sua atitude a respeito dos ciganos: a tolerância não basta, faz-se necessário o espírito fraterno. Temos muito a aprender com eles. Eles sofrem muito por causa das privações, insegurança e perseguições. Por isto mesmo muito têm a fazer... O rosto cigano de Deus espera você. Uma vez que, por sermos criados à imagem e semelhança de Deus, somos todos irmãos... Jesus cigano dê muita boa sorte a todos! Com Deus!”

- Na missa celebrada na cidade húngara de Szombzthely (19 de agosto de 1991), dirigiu uma saudação especial aos ciganos e destacou “... A necessidade de serem sempre respeitados os direitos das minorias étnicas e lingüísticas...”

E disse mais:“Eu os abraço com um profundo afeto, irmãos e irmãs ciganos”.

- No dia 04 de maio de 1997, celebrou uma missa solene em Roma, na qual declarou Zeferino GimenezMalla ("El Pelé") como “BEM-AVENTURADO”. Milhares de ciganos de todas as partes do mundo foram à cerimônia e se alegraram por ter um representante tão digno de seu povo elevado às honras dos altares. Na ocasião, a festa litúrgica do beato Zeferino Gimenez Malla foi marcada para o dia 2 de agosto, dia de seu falecimento.

EM VÁRIAS OPORTUNIDADES DISSE ELE AOS CIGANOS:

"Enquanto a humanidade não resgatar sua enorme dívida para com nossos irmãos Ciganos, nenhum de nós poderá falar em direitos humanos e cidadania."

- Na “Revista Rom-Calão”: “A Igreja vos ama. Eu gostaria de caminhar convosco. Vossa vida, em muitos aspectos, se assemelha à vida de Jesus”.

- Do livro do padre Murialdo Gasparet: “Jesus nômade, Jesus cigano, vivo, ressuscitado, passa por nossas estradas e acampa em nossas cidades. Na ressurreição não existem vencidos”.

- “Povo de Deus que caminha, a Igreja tem uma bonita e numerosa porção de seus filhos vivendo uma real e contínua itinerância: são os nossos irmãos nômades: ciganos, circenses e parquistas”.

- “Até hoje, quando uma criança cigana quer ir para a escola,ainda é colocada em sala para crianças especiais...”

- "UM PAÍS QUE MATA OS SEUS PRÓPRIOS FILHOS É UM PAÍS SEM FUTURO"

BENTO XVI

(Joseph Aloisius Ratzinger)

De 19-04-2005 a 28-02-2013

DEFENDEU QUE CIGANOS DEVEM SER

PROTEGIDOS PELA EUROPA

Os ciganos e outros nômades deslocaram-se a Roma para assinalar o 150.º aniversário do nascimento do cigano espanhol Zeffirino Gimenez Malla, beatificado por João Paulo II em 1997.

BENTO XVI convidou ao mesmo tempo os ciganos a olharem o futuro com confiança e a escreverem "uma nova página da História em conjunto" com a Europa.

O assassínio em massa sob o nazismo é "um drama ainda pouco reconhecido", disse lembrando os "milhares de mulheres, homens e crianças mortos de modo bárbaro nos campos de concentração".

Perante cerca de 2.000 ciganos (entre os quais crianças e jovens) reunidos na Sala Paulo VI, o paa sublinhou: "A Europa, que reduz as suas fronteiras e considera uma riqueza a diversidade dos povos e das culturas, oferece novas possibilidades. Os vossos filhos têm direito a uma vida melhor." E insistiu. "Dêem vocês também a vossa colaboração efetiva e leal para que as vossas famílias se insiram dignamente no tecido civil europeu."

FRANCISCO

(Jorge Mario Bergoglio)

De 13-03-2005 a...

2 0 1 5:

"POVO CIGANO DEVE INICIAR UMA NOVA HISTÓRIA."

“Chegou a hora de virar página e desarraigar preconceitos seculares”.

Esta foi a exortação que o Papa Francisco fez esta segunda-feira (26/10), na Sala Paulo VI, diante de mais de 7 mil participantes da peregrinação mundial do povo cigano.

O evento, em andamento desde o dia 23, é promovido pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes para celebrar os 50 anos da visita de Paulo VI ao campo nômade de Pomezia (26 de setembro de 1965).

Em seu discurso, o Papa se diz consciente das dificuldades pelas quais passam os ciganos:

“Visitando algumas paróquias romanas, nas periferias da cidade, tive como sentir seus problemas, inquietações, e constatei que interpelam não somente a Igreja, mas também as autoridades locais.”

Francisco citou as condições precárias em que vivem: ”... O que fere o direito de cada pessoa a uma vida digna, com trabalho, instrução e saúde. Não queremos mais assistir a tragédias familiares, em que crianças morrem de frio ou entre as chamas, ou se tornam objeto em mãos a pessoas depravadas, jovens e mulheres envolvidos no tráfico de droga ou de seres humanos. E isso porque muitas vezes caímos na indiferença e na incapacidade de aceitar costumes e modos de vida diferentes do nosso.”

NOVA HISTÓRIA

Para o Pontífice, ”... chegou a hora de o povo cigano dar início a uma nova história, de virar página e desarraigar preconceitos seculares e desconfianças que estão na base da discriminação, do racismo e da xenofobia. Ninguém deve se sentir isolado e autorizado a espezinhar a dignidade e os direitos dos outros”, acrescentou o Papa, encorajando em primeiros lugar os próprios ciganos a construírem periferias mais humanas, evitando tudo o que não é digno do cristianismo: falsidades, fraudes, enrascadas e litígios. E propôs como exemplo a vida do Beato cigano Zeferino Giménez Malla.

“Queridos amigos, não deem aos meios de comunicação e à opinião pública ocasião para falar mal de vocês”, exortou ainda Francisco, recordando-lhes que ”... são os protagonistas de seu presente e de seu futuro”. Para isso, constatou o Papa, ”...é preciso investir na educação das crianças, advertindo para o baixo nível de escolarização dos jovens. Seus filhos têm direito a ir à escola, não os impeçam”, pediu o Pontífice.

Recordando o afeto dos seus antecessores pelo povo cigano, Francisco concluiu seu discurso com as palavras de Paulo VI: “Vocês não estão à margem da Igreja, mas, sob certos aspectos, vocês estão no centro, no coração”.

2 0 1 9:

VISITA AOS CIGANOS DA ROMÊNIA

O último compromisso do Papa Francisco na Romênia, em (02/06), foi o encontro com a comunidade cigana no bairro Lautaro (Blaj). Após o testemunho de um sacerdote greco-católico cigano, o Pontíﬁce iniciou o seu discurso ressaltando:

“A Igreja é lugar de encontro. Precisamos lembrar isso, não como um bonito slogan, mas como parte da nossa carteira de identidade de cristãos. É na indiferença se alimentam preconceitos. O Evangelho transmite-se na alegria de encontrar-se e saber que temos um Pai que nos ama. Sob o olhar d’Ele, compreendemos como olhar-nos entre nós. No coração, porém, trago um peso: é o peso das discriminações, segregações e maus-tratos sofridos por suas comunidades. A história nos diz que os cristãos, os católicos não são alheios a tanto mal. Quero pedir perdão por isso. Em nome da Igreja, peço perdão, ao Senhor e a vocês, por todas as vezes que, ao longo da história, os discriminamos, maltratamos ou os consideramos de forma errada, com o olhar de Caim em vez do de Abel, e não fomos capazes de os reconhecer, apreciar e defender na sua peculiaridade.”

O PONTÍFICE FRISOU:

“A Caim, não importa o irmão. É na indiferença que se alimentam preconceitos e fomentam rancores. Quantas vezes julgamos, imprudentemente, com palavras que doem, com atitudes que semeiam ódio e criam distâncias! Quando se deixa alguém para trás, a família humana não avança. Não somos completamente cristãos, nem sequer humanos, se não soubermos ver a pessoa antes de suas ações, antes dos nossos juízos e preconceitos”.

O Papa em sua fala também reconheceu as "... qualidades dos ciganos, particularmente a atenção que têm para com os idosos...". Ainda pediu a eles: "Não privem a sociedade desses dons..."

Ao final declarou: "Vossos rostos irão colorir minhas recordações e povoarão a minha oração."

OS SANTOS MÁRTIRES CIGANOS:

BARBASTRO e arredores é em proporção, a diocese mais rica de MÁRTIRES da Espanha: 82%.

Durante a Guerra Civil foram mortos: 1 bispo, 114 padres, 51 jovens missionários, 18 monges, 8 frades professores, centenas de cristãos leigos (entre eles 18 da Ação Católica) 4 mulheres e outras centenas de pessoas.

Entre os chamados "cristãos leigos" 4 CIGANOS foram beatificados:

ZEFERINO GIMENEZ MALLA, EMÍLIA FERNÁNDEZ RODRÍGUEZ DE CORTÉS e JUAN RAMÓN GIL TORRES.

Até 1999 haviam apenas 3 sacerdotes no Brasil liberados para a Pastoral dos Nômades: frei Tadeu Fernandes (Ventania-Paraná), padre Pedro Paulo (liberado em tempo integral) e padre Renato Rosso (trabalhando com os ciganos em Bengladesh, Índia).

Oficialmente, a Pastoral começou em 1985, quando o Bispo de Caxias do Sul, Dom Benedito Zorzi, trouxe da Itália o padre Renato Rosso, detentor de larga experiência mística de caminhada com os nômades.

Após a morte de Dom Bendito, foi Dom Paulo Moretto quem assumiu a diocese e tornou-se Presidente da Pastoral no Brasil.

Em 30 de abril de 1988, em “Comunicado Mensal (CNBB)”, Dom Moretto escreveu:

“... Há no Brasil uma população cigana que ultrapassa numericamente a população indígena. Ela também merece os cuidados de uma evangelização adaptada à sua cultura. O conhecimento desta minoria étnica pode ajudar na orientação de outras minorias, pois elas têm conseguido sobreviver na sua identidade cultural, usando recursos da cultura dominante sem ser cooptada por ela”.

APESAR DOS PEDIDOS DE "PERDÃO"

DE VÁRIOS PAPAS...

FOMOS ESQUECIDOS NA CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1995, QUE NOS TROUXE A GRAVE E TRISTE QUESTÃO DOS EXCLUÍDOS.

ENTRE OS GRUPOS DE EXCLUÍDOS ESCOLHIDOS, OS CIGANOS FICARAM DE FORA! NEM CITADOS FOMOS...

LAMENTOU PE. MURIALDO GASPARET:

“QUE PENA... PERDEU-SE A OPORTUNIDADE DE, NA HORA DOS EXCLUÍDOS, INFORMAR E CONSCIENTIZAR AO BRASIL DE QUE O MUNDO TEM MAIS GENTE E, POR ESTA GENTE, É MAIS RICO”.

Os CIGANOS têm uma religião própria, um Deus próprio, sacerdotes e cultos originais. Parece singular o fato de que um povo não tenha cultivado, no decorrer dos séculos, crenças em uma divindade particular, nem mesmo primitivas, do tipo antropomórfico ou totêmico. O mundo do sobrenatural é constituído pela presença de uma força benéfica, DEUS, e de uma força maléfica, DEMÔNIO, contrapostas, numa espécie de zoroastrismo (provável resíduo de influências que esta crença teve sobre grupos que, em época remota, atravessaram o Irã). As ANTIGAS crenças ciganas INCLUIAM uma série de entidades, cuja presença se manifestava, sobretudo à noite. Mas, em geral, os ciganos parecem ter-se adaptado, ao longo da história, às confissões vigentes nos países que os hospedaram, embora sua adesão pareça ser exterior e superficial, com maior atenção aos aspectos coreográficos das cerimônias, como as procissões e as peregrinações, próprias de uma religiosidade popular, sobretudo católica. Um sinal de mudança se deu pela difusão do movimento pentecostal, ocorrido a partir dos anos 1950, através da “Missão Evangélica Cigana”, surgida na França. Em seguida, registram-se profundas lacerações no interior de muitas famílias, devido às radicais mudanças de COSTUMES que a adesão a essa religião impõe, dada a natureza fundamentalista do movimento religioso em questão. Tais imposições muitas vezes acabaram por induzir os CIGANOS a uma recusa de suas PECULIARIDADES culturais...

Resumidamente devo dizer, que nossas crenças foram adaptadas à religião dos países onde nos fixamos. Uma das coisas que mais transmitimos para os nossos filhos são as crenças que herdamos dos nossos pais e conservamos no fundo do coração, como a MAGIA, por exemplo, que ocupa um lugar significativo no universo dos ciganos e tão mal interpretada no mundo não-cigano.

A religiosidade faz parte de todos os hábitos de nossas vidas, do nascimento à morte. Na mágica religião cigana haviam demônios, vampiros e outros representantes do mal, que lutavam sem parar com DEBEL (Deus em língua Kaló). A maioria de nós AINDA acredita em um só Deus.

Nossa crença constitui uma valiosa mistura de elementos CRISTÃOS e PAGÃOS, que influenciaram as religiões oficiais. Em um documento lido para o “Congresso das Tradições Populares” (Paris–1889), sobre as relações dos ciganos com o folclore, Charles Godfrey Leland expôs sua firme crença de que os ciganos teriam sido os sacerdotes do que é, na REALIDADE, a religião de TODOS os pastores e gente humilde, ou seja, de suas cerimônias mágicas e medievais. Disse ele na ocasião:

“... Mas muitos poucos têm idéia sobre o grau da importância dos ciganos em relação ao que, na Itália é chamado de "a antiga fé ou feitiçaria..."

Nossa religiosidade é incontestável. Como já disse, cremos em Deus e na entidade do mal (BENGUE). Ao longo do tempo, fomos adotando a religião do país onde vivemos. Assim, no Brasil, temos ciganos católicos, evangélicos, espíritas, umbandistas, etc.

A religiosidade faz parte de TODOS os hábitos de nossa vida, do momento do nascimento à morte.

SANTO CIGANO:

Zeferino Gimenez Malla (“El Pelé”) nasceu em 26 de agosto de 1861, na região da Catalunha (Espanha).

No ano 1997 (04 de maio), João Paulo II celebrou uma missa solene em Roma, na qual declarou Zeferino “BEM-AVENTURADO”.

Sua festa litúrgica foi marcada para o dia 2 de agosto (dia de seu falecimento).

Foi o 1º cigano reconhecido "mártir da fé".

Quadro que retrata a grande devoção à Eucaristia e ao Rosário do Beato Zeferino Giménez Malla: um verdadeiro cigano, cristão e mártir.

O MILAGRE DE

NOSSA SENHORA

DOS CIGANOS:

Ao término da 2ª Guerra Mundial, uma família de ciganos evitou um acidente mortal: sua carroça se chocou contra um caminhão do exército americano e pegou fogo! Ninguém ficou ferido.

Como prova de agradecimento, o pai de família esculpiu uma imagem de Nossa Senhora de madeira, com a cabeça coroada de cobre.

Nossa Senhora dos Ciganos carrega em uma das mãos o Menino Jesus e na outra, uma pequena carroça. É venerada pelos ciganos desde que o Papa Paulo VI abençoou-a, em 1965.
Na sua oração pede-se que olhe "nosso sofrimento, nossa miséria" e que continue "nesta terra conosco na vida".

KI SHAN Y ROMÁS,

ADOI SAN´Y

CHOV´HANI...

(A ONDE OS CIGANOS VÃO, AS BRUXAS ESTÃO...)

Padre Murialdo Gasparet, quanto ao que pode ter formado a MENTALIDADE RELIGIOSA dos ciganos, tem a seguinte opinião:

“No momento de sua partida do Norte da Índia, não eram, certamente pagãos, senão que compartilhavam crenças do país que abandonaram. Por conseguinte, levaram consigo certo patrimônio religioso de conteúdo impreciso, mas que continha, ao menos, a idéia de Deus e certo número de crenças misturadas com elementos mágicos e supersticiosos”.

SÁBADO, 16 DE AGOSTO DE 2008

ALEMANHA: VI CONGRESSO MUNDIAL DA PASTORAL DOS CIGANOS

Realizar-se-á de 1 a 4 de Setembro próximo, em Freising (Baviera - Alemanha) o VI Congresso Mundial da Pastoral dos Ciganos, promovido pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, sobre o tema “OS CIGANOS JOVENS NA IGREJA E NA SOCIEDADE”.

O Congresso será inaugurado pelo Cardeal Renato Martino, Presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes. Após a abertura dos trabalhos o Arcebispo Agostino Marchetto, Secretário do mesmo organismo vaticano falará sobre “Os jovens ciganos, um recurso da comunidade civil e eclesial”. A juventude cigana será tratada na sua realidade religiosa pelo antigo Diretor nacional da Pastoral dos Ciganos de França (P. Denis Membrey). A situação socio-política será abordada pela Drª Eva Rizzin (Centro de Investigação e Ação contra a Discriminação dos Ciganos da Itália).

As oportunidades para a colaboração cigana nos âmbitos educativo, profissional e político serão tratadas por representantes da Índia, Espanha (Irmã Belém Maya, cigana) e Romênia.

O Congresso terá duas Mesas redondas: a dos Diretores Nacionais sobre a evangelização e a promoção humana dos jovens ciganos e a dos jovens ciganos presentes, sobre o protagonismo dos jovens.O Congresso será inaugurado pelo Cardeal Renato Martino (Presidente do CPPMI), seguindo-se a abertura pelo Arcebispo Agostino Marchetto (Secretário do CPPMI) que falará sobre “OS JOVENS CIGANOS, UM RECURSO DA COMUNIDADE CIVIL E ECLESIAL”.

A juventude cigana será tratada na sua realidade religiosa pelo antigo Director nacional da Pastoral dos Ciganos de França (P. Denis Membrey). A situação socio-política será abordada pela Drª Eva Rizzin (Centro de Investigação e Acção contra a Discriminação dos Ciganos, de Itália).

SANTA CIGANA:

EMÍLIA FERNÁNDEZ RODRÍGUEZ DE CORTÉS

Nasceu em 13 de abril de 1914 em Tíjola (Almería-Espanha). Por seu ofício de produzir e vender cestas de vime ganhou o apelido de "La Canastera" (a cesteira).

Casada com o cigano Juan Cortés, ambos foram presos durante a Guerra Civil espanhola.

Em 12 de janeiro de 1939, doente e numa solitária, deu à luz, durante a madrugada a uma menina que foi batizada com o nome de Angeles.

Emília faleceu aos 24 anos de idade, poucos dias depois de ser mãe (25 de janeiro).

Beatificada em 25 de março de 2017, tornou-se 1ª mulher cigana a receber a honra dos altares.

SANTO CIGANO:

JUAN RAMÓN GIL TORRES

Este cigano nasceu em Jumilla (Murcia-Espanha) em 11 de fevereiro de 1887.

Casou-se com a cigana María Santiago Aguilera, natural de Cuevas (Almería), na paróquia de La Encarnación de Cuevas de Almanzora, em 28 de dezembro de 1908.

Juán Ramón foi fuzilado na estrada que conduz a Novelda numa planície de oliveiras, no dia 22 de Setembro de 1936.

Talvez tenha sido o 1º cigano religioso a ser morto em Monóvar, durante o período da Guerra Civil (razão pela qual é o mais lembrado de todos).

A Causa da sua santificação, o processo (“Summarium”) foi entregue na “Congregação para a Causa dos Santos” (Roma), em 3 de Junho de 2005.

MORTOS DURANTE A GUERRA CIVIL ESPANHOLA

OS NÔMADES NO

CORAÇÃO DA IGREJA:

Oﬁcialmente, a Pastoral dos Nômades do Brasil teve início em 1985, quando o então Bispo de Caxias do Sul, Dom Benedito Zorzi, trouxe da Itália o Padre Renato Rosso, possuidor de uma grande experiência mística de caminhada com os nômades. Em 1987, aconteceu o “1º Encontro Nacional”, no qual Dom Paulo Moretto foi eleito o 1º presidente e Padre Renato ﬁcou como Diretor Executivo.

Dom José Edson é o atual presidente da Pastoral.

Caríssimo Calon Zarco.

Paz e Bem!

Na primeira quinzena do mês de Setembro (2011) fui recebido pelo Santo Padre o Papa.

Ente os assuntos, apresentei as alegrias e os desafios da nossa Pastoral.
Este envelope branco que está em minhas mãos é o pedido que fiz ao Papa para nos dar uma jurisdição mais ampla para melhor atender e ser presença em todas as comunidades ciganas do Brasil.
Solicitei a criação de uma Prelazia ou outra forma jurídica para maior autonomia da pastoral. O Papa ficou muito interessado e disse-me que ia estudar o pedido com muito carinho.
Rezemos para que aconteça e aconteça logo.

Em Cristo Servo e Peregrino.

Dom José Edson

MINHA RESPOSTA:

Também acho que a Pastoral precisa de mais autonomia! O Papa tem se mostrado sensível as questões ciganas (como vimos recentemente na Itália).

Torçamos para que ele estude sim, com muito carinho esta questão que o senhor apresentou.

Um abraço do kalon.

CIGANOS SACERDOTES:

Até 1999 haviam apenas 3 sacerdotes no Brasil liberados para a Pastoral dos Nômades: frei Tadeu Fernandes (Ventania-Paraná), padre Pedro Paulo Seródio (liberado em tempo integral) e padre Renato Rosso (trabalhando com os ciganos em Bengladesh, Índia).

BISPOS:

Paulo Moretto (ex-presidente da Pastoral dos Nômades), Sthefem Fumio Hamao (Presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes), Benedito Zorzi (falecido), Paulo Pedro Serôdio Garcia e Jorge Rocha Pierozan (vice-presidente da Pastoral dos Nômades).

PADRES:

Renato Rosso, Adilson Zílio, Darci Camatti e Michel Blume.

FRADES e FREIRAS:

Tadeu Fernandes, Cecília e Tereza Cristina.

A IGREJA E OS CIGANOS

AO LONGO DOS SÉCULOS...